Percebe-se certo exagero nas
reações manifestadas, via redes sociais, às recentes palavras do Papa Bento XVI
sobre as possíveis conseqüências para a família e para a sociedade ao se
concretizar a liberação legalizada da união civil entre parceiros do mesmo
sexo.
Digo certo exagero, não porque acredite
que restrições possam ser propostas, ou impostas, apenas por preconceito a
qualquer tipo de comportamento social. Não! Qualquer ação que tenha sua origem
no preconceito deve ser reprimida e condenada. As recentes, e apressadas, reações
ao que disse o Papa são graves pelo fato de colocarem no centro dos protestos,
não o Papa, mas a Igreja Católica e a própria Bíblia. É fato que no dia em que
o Papa deixar de criticar, ou mesmo condenar, certos comportamentos sociais que,
iluminados pela base filosófica e espiritual que orienta a Igreja, necessitem ser
admoestados, estará desorientando sua caminhada.
Sinceramente! Não consigo
entender por quais parâmetros, julgamentos tão severos foram feitos a Bento
XVI. A Igreja está embasada filosoficamente e espiritualmente em valores que
não sofrem, e nem devem sofrer, influências oriundas da moral e dos costumes
temporais. A moral espelhada nos textos bíblicos é, a mais de dois mil anos, o
que norteia a postura da Igreja junto à sociedade. Aí se incluem a defesa da
vida e da família e, nestes dois mil anos, nada mudou e nem irá mudar. Então, não
dá para se exigir “modernidade” nas manifestações da Igreja. A moral emanada
dos textos, ali espelhada e aceita como verdade, não pode sofrer modificações
ao sabor de épocas e costumes. Onde, então, o Papa errou para ser tão
cruelmente atacado?
Cada um faça o que quiser com
suas crenças e sua vida. É um direito inalienável postulado pela liberdade. No
entanto, não dá para exigir que não existam pontos de vista diferenciados e que
a religião – todas por sinal independente da origem filosófica – não possa
criticar o que acredita ser nocivo para a família, a sociedade e, no caso das
cristãs, à salvação.
O preço da crítica é, e será
sempre, o preço a ser pago pela liberdade e pela democracia. Todos que possuem
uma vida pública precisam pagar este preço, entretanto, que se cobre um preço
justo.